Geral

Nutricionistas da rede estadual prezam pela qualidade da alimentação escolar

Desde o início do ano letivo, uma equipe de bibliotecários, nutricionistas, psicólogos e assistentes sociais foi contratada de forma inédita para atuar na rede estadual de ensino. São 244 profissionais que estão trabalhando no órgão central da Secretaria de Estado da Educação (SED) e nas 36 Coordenadorias Regionais de Educação (CREs) para qualificar e ampliar a atuação pedagógica junto às escolas da rede estadual.

 

A equipe de 59 nutricionistas atua no acompanhamento dos contratos de alimentação escolar das 1.053 unidades da rede. O trabalho inclui o suporte às escolas em ações como: elaboração das receitas que compõem o cardápio, supervisão das atividades de higienização de ambientes, armazenamento de alimentos, equipamentos e utensílios das escolas, além de atividades de Educação Alimentar e Nutricional para a comunidade escolar.

Outra atribuição dos profissionais é prezar pelo respeito aos hábitos e à cultura alimentar de cada localidade. A nutricionista da SED, Carolina Dias Moriconi, explica que a equipe busca incluir no cardápio alimentos das regiões de Santa Catarina, como o pinhão, no preparo de refeições salgadas e da farinha de milho, preparo de bolo de fubá e polenta. 

Para a composição dos cardápios, os alimentos são escolhidos cuidadosamente, conforme o período em que são produzidos no estado, incluindo a aquisição de alimentos da Agricultura Familiar. “Nesse caso, é reforçada a priorização da produção local de cada região. No processo, a seleção leva em conta o trajeto do alimento mais curto até a unidade escolar, garantindo uma alimentação escolar de qualidade e que respeita o ambiente e a cultura local”, destaca ela.

Cardápios adaptados

A elaboração de cardápios diferenciados para estudantes com diabetes, alergia alimentar (glúten, proteína do leite), intolerância à lactose também faz parte do trabalho da equipe, em atendimento à legislação. Assim, os gestores das escolas informam a Coordenadoria Regional sobre alunos com restrições ou condições de saúde específicas, encaminhando a declaração médica no Sistema de Gestão Educacional de Santa Catarina (Sisgesc). 

“Em conjunto com as equipes das Coordenadorias conseguimos realizar um planejamento que atenda às necessidades locais, adequando cada cardápio para respeitar as necessidades alimentares especiais”, destaca a nutricionista da SED, Sílvia Letícia Alexius.

A EEB Ivo Silveira, de Palhoça, serve cerca de 1.000 refeições por dia nos três turnos. Um dos cardápios preparados na última semana contou pela manhã com salada de frutas, iogurte, aveia e mel. No almoço, a equipe de cozinheiras preparou risoto de frango, salada de cenoura e acelga, além de uma fruta como sobremesa. Para diabéticos a orientação é a substituição do arroz branco por integral. Para o lanche da tarde foi servido café com leite, biscoito salgado integral e doce de banana e maçã. Já a refeição da noite contou com sopa de macarrão com feijão, carne em cubos, cenoura, chuchu, abóbora e duas fatias de pão integral. 

Exemplo de educação nutricional

A promoção de hábitos alimentares saudáveis ainda na fase escolar é uma das principais estratégias de prevenção e combate à alta prevalência de doenças crônicas e obesidade. Com base nisso, a nutricionista da CRE de São Bento do Sul, Ana Cláudia Figueiredo, realizou em maio uma oficina com 70 professores de três escolas da Regional: EEB Profª Marta Tavares, EEF João Ropelato e EEF Profª Osmarina Batista. Intitulada Educação dos sentidos e percursos sensoriais, o evento  trabalhou os sentidos dos professores para o reconhecimento de alimentos que fazem parte da cultura local, bem como a capacidade de distinguir sabores, cheiros, consistência e características de alimentos regionais.

A proposta foi adaptada da oficina produzida pelo Slow Food Brasil, um movimento que se opõe ao Fast Food, à globalização da alimentação e à perda dos hábitos alimentares regionais. De acordo com a nutricionista, a intenção foi capacitar os professores para que sejam multiplicadores de ações de educação alimentar e nutricional com os alunos. “ Após a oficina fiz um bate papo com eles para que pudessem discutir as alternativas práticas de usar elementos da oficina na sala de aula”, pontua.

Uma das atividades mais elogiadas pelos participantes foi a de polisensorialidade, no qual os professores deveriam identificar qual sabor de suco estava nas garrafas, experimentando primeiro sem ver e depois sem uso de uma venda. A nutricionista alterou antecipadamente a coloração de duas bebidas: suco de limão (com cor amarela) e suco de maracujá (com cor vermelha).

Ela já está colhendo os resultados da oficina: “Já recebemos relatos dos professores trabalhando o tema nas escolas, realizando semana da alimentação e até piqueniques com os estudantes”, destaca.

Informações Secom Foto Henrique Pizzolo / SED